Aurélia foi embora

O café ficou por algum tempo deitado sobre o balcão e perdeu os primeiros vapores da transitoriedade. Quando a menina trouxe a xícara e colocou-a à sua frente como quem dá uma sentença (de morte), ele agradeceu, bebeu, tentou não contorcer demais o rosto e, em seu habitual estado de autodestruição, pediu outro. Camicase. Traga…

O silêncio dos dias

Lá estavam eles. O fogão e a mulher. Entre os dois havia um poço de dúvidas e nela uma vontade de pular. Silêncio enclausurado em pintura de Edward Hopper, não entrasse pelo janelão o barulho da cidade crescendo do lado de fora. Os minutos tombavam, um depois do outro. Naquela tarde, a cozinha cheia de…