Ana Ban nasceu e cresceu em São Paulo e hoje vive no Brooklyn, em Nova York. Para lá, levou uma receita importante: arroz mexe-mexe. Quando está chateada ou irritada, sua voracidade é direcionada para uma panela de arroz com ovo mexido, que prepara ao modo de sua mãe. À pergunta que angustia muita gente (o que vai ter no jantar hoje?), a mãe da Ana poderia responder assim. E o prato acabou tomando um lugar em que sua filha, agora, se refugia quando precisa dar conta das próprias aflições.
Arroz mexe-mexe. É como minha mãe chama ovo mexido com arroz. Era o que ela fazia quando não tinha nada pronto e, vai ver, estava com cansaço/preguiça de fazer algo mais elaborado. Era algo que ela fazia só para mim e minha irmã, acho que meu pai se recusava a comer uma coisa assim tão simples e banal. Eu sempre adorei, sempre pedi para fazer. Jantar de arroz mexe-mexe, nada melhor.
Hoje em dia, quando estou irritada ou chateada com alguma coisa, faço um arroz mexe-mexe para acalmar. E para mim é o prato principal: eu faço uma panela de arroz só para poder comer com o ovo.
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Este depoimento deu origem a um verbete em O dicionário das comidas impossíveis, que surge das respostas ao questionário Fatias de memória.
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