“Há um gosto todo especial em fazer preparar um pudim ou um bolo por uma receita velha de avó. Sentir que o doce cujo sabor alegra o menino ou a moça de hoje já alegrou o paladar da dindinha morta que apenas se conhece de algum retrato pálido mas que foi também menina, moça e alegre. Que é um doce de pedigree, e não um doce improvisado ou imitado dos estrangeiros. Que tem história. Que tem passado. Que já é profundamente nosso. Profundamente brasileiro. Gostado, saboreado, consagrado por várias gerações brasileiras. Amaciado pelo paladar dos nossos avós.”
O pernambucano Gilberto Freyre (1900-1987) já açucarava a memória em 1939… O livro lançado por ele naquele ano, pudera, era Açúcar: uma sociologia do doce, com receitas de bolos e doces do Nordeste brasileiro (5 ed., Global, 2007).